REDUÇÃO DE DANOS
Estratégias de Redução de danos são fundamentais para minimizar os riscos associados ao uso de substâncias à saúde mental, física e sexual dos usuários e busca promover uma abordagem mais segura para quem pratica chemsex, por exemplo. Além disso, a redução de danos deve ser sempre uma abordagem sem julgamento, focada na segurança e no bem-estar das pessoas. Aqui estão algumas dicas e orientações:
- Conheça a substância que for utilizar e saiba o que está consumindo: quais são as doses seguras, os efeitos esperados, os riscos e a duração.
- Dose com cuidado e em intervalos maiores: evite utilizar doses muito grandes e por longos períodos. Comece com doses pequenas e use aos poucos, para sentir os efeitos, especialmente com GHB. Dê um tempo entre as doses, evitando o consumo contínuo.
- Evite misturas perigosas: especialmente GHB com álcool, pois ambos são depressores do sistema nervoso central, podendo levar a perda de consciência e parada respiratória. Misturar estimulantes, como metanfetamina e mefedrona, também pode causar ataque cardíaco.
- Esteja com alguém ou em ambiente de confiança: a presença de algum conhecido diminui o risco de não ser socorrido, em caso de emergência. Tenha contatos de emergência médica à mão.
- Beba água regularmente e faça pausas para comer: o uso dessas substâncias pode desidratar o corpo e levar à falta de apetite.
- Use preservativos ou PrEP: para se prevenir do HIV e outras IST.
- Use gel lubrificante: para reduzir risco de lesões durante o sexo.
- Não compartilhe agulhas, seringas, cachimbos ou instrumentos ao fazer o uso de substâncias.
- Fumar ou cheirar é menos prejudicial do que injetar (slam).
- Se for usar GHB com mais pessoas, divida em doses individuais. Quando se coloca tudo em um único copo, o GHB pode ficar depositado no fundo. Assim, o último a beber corre risco de superdosagem.
- Considere usar PEP (profilaxia pós-exposição), até 72h após a exposição sexual ou pelo uso de substâncias injetáveis.

CHEMSEX
Chemsex, ou sexo químico em português, é o termo usado principalmente por homens gays, embora não se limite a este grupo, para o uso de de substâncias psicoativas com o intuito de ter relações sexuais.
Inicialmente usado por homens gays na Europa, no início dos anos 2000, para se referirem à metanfetamina, mefedrona e ao GHB como “chem”, chemsex foi se tornando um termo que descreve a preferência e a prática de sexo combinado com o uso dessas substâncias:
- Metanfetamina, também chamada de “Tina”, “Crystal”, “Crystal meth”ou “Cris” são psicoestimulantes que causam excitação sexual, redução de sono e apetite, euforia intensa e hiperatividade, com potente efeito desinibidor. Entre os riscos destacam-se seu altíssimo potencial de gerar dependência em pouco tempo, problemas cardiovasculares graves como taquicardia e hipertensão, insônia severa e episódios de paranoia ou psicose. Geralmente é usada por meio de um cachimbo (“pipe”, em inglês) ou injetado na veia (“slam”).
- GHB, também conhecido como “Gi” e “Gisele”, é um depressor do sistema nervoso central, que causa relaxamento, desinibição e euforia com potencial aumento da libido. Em doses altas pode causar inconsciência ou coma. Altamente perigoso se ingerido em doses erradas, principalmente quando utilizado de forma recreativa ou por overdose, devido ao curto intervalo de uso. GHB pode ainda causar perda de memória e parada respiratória. Geralmente, é ingerido em forma líquida, diluído em bebida.
- Mefedrona (4-MMC) é uma droga sintética estimulante que pode aumentar a excitação sexual, intensificação dos sentidos (como tato e audição) e causar possível paranoia ou ansiedade em doses altas. Entre os riscos, destacam-se insônia e agitação, risco de overdose e potencial de gerar dependência. Geralmente é cheirada (inalada) ou, em alguns casos, injetada.
Muitas vezes, no contexto de chemsex, essas substâncias são usadas juntas, aumentando os riscos para saúde física, mental e sexual. Por exemplo, misturar GHB com metanfetamina é uma combinação de alto risco e pode causar sérias complicações, pois são substâncias com efeitos opostos no sistema nervoso central. Por outro lado, misturar estimulantes, como metanfetamina e mefedrona, aumenta a freqüência cardíaca e a pressão arterial e o risco de arritmias, ataques cardíacos e derrames. O uso simultâneo de substâncias pode levar a superdosagem e morte.
Há ainda outras substâncias que podem ser usadas para aumentar o prazer sexual e também contribuem para maior vulnerabilidade ao HIV e outras ISTs, mas que não são denomidadas como “chemsex”, por exemplo: cocaína, poppers, MDMA, Ecstasy, Maconha, Ketamina, Viagra, e outras.